Warao

Originários da Venezuela, os indígenas Warao correspondem à segunda maior população indígena daquele país, com mais de 49 mil pessoas. Em seus territórios originais, ocupam uma área com larga presença de Buritis, fonte primeira de seu artesanato e elemento fundamental da sua cultura. Com os deslocamentos aprofundados a partir da crise humanitária estabelecida na Venezuela, os Warao foram se distanciando cada vez mais dessas regiões e adentrando por territórios novos, onde o acesso ao Buriti se tornou cada vez mais escasso.

Nesse trânsito, além das dificuldades de acesso à sua matéria-prima privilegiada, enfrentaram outras limitações para produção de seu artesanato. A ausência de espaços adequados, de mercado interessado em seus produtos e de pessoas disponíveis a remunerá-los de forma justa pelas horas trabalhadas – foram alguns dos fatores que tornaram a continuidade de sua produção intermitente. 

Essas mudanças, contudo, jamais levaram ao distanciamento emocional dos Warao com o seu artesanato. Eles guardam uma memória viva dos múltiplos usos dos materiais que produzem. Ao longo de 2020 e primeira metade de 2021 buscamos estabelecer com eles alternativas para a produção do artesanato que, a partir de elementos acessíveis nos territórios que passaram a ocupar, pudessem garantir a continuidade do seu saber-fazer. A busca por novos materiais busca superar as dificuldades encontradas e manter vivo o vínculo dos Warao com as suas técnicas, identidade e cultura.

Da experiência dialógica entre os Warao e os novos materiais emergiu uma coleção de objetos a partir de suas técnicas tradicionais. Bolsas feitas a partir da tecelagem com as quais produzem as suas tradicionais redes, cestas feitas de fio de algodão e cordas que repetem os padrões gráficos usados com o buriti, luminárias que combinam o buriti com fios de algodão e nylon. Uma coleção resultante do encontro dos Warao com esse novo território e as suas múltiplas possibilidades.

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